Inserção dos estudantes na organização e gestão do desporto universitário em Maputo, Moçambique

 

Paulo Miguel Gumende

Universidad Eduardo Mondlane, Escuela Superior em Ciencias do Desporto. Moçambique.  paulomgumende@gmail.com  https://orcid.org/0000-0001-6742-6995

Carlos Mojena Aldana

Universidad Eduardo Mondlane, Escuela Superior em Ciencias do Desporto. Moçambique. carlosmojenaaldana@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-9940-1087

Ivan Da Silva Paulo Manguele

Universidad Eduardo Mondlane, Escuela Superior em Ciencias do Desporto. Moçambique. ispmanguele@gmail.com   https://orcid.org/0009-0002-3580-4212

 

Recibido: 15/II/2023

Aceptado: 11/V/2023

Publicado: 1/VII/2023

 

Resumo: A presente investigação procura sua orientação para o movimento do desporto universitário, a partir da inserção dos próprios alunos como atores principais no processo de organização e gestão deste. A partir da coleta de informações foi possível determinar os vínculos precários dos mesmos com essas atividades patrocinadas pela universidade. Assim, os investigadores empreenderam a tarefa de avaliar as principais causas que provocam a insuficiente vinculação dos alunos com a organização e gestão do desporto universitário, pelo que se assumiu como objetivo geral a análise causal dos níveis de afluência de alunos à universidade. Estes processos, baseados numa metodologia exploratória e descritiva da população dissente da Licenciatura em Ciências do Desporto, ficaram finalmente como amostra figuras representativas dos quatro anos da licenciatura e dos membros da comissão organizadora dos jogos. No procedimento investigativo, foi possível chegar às principais causas que originam o problema, onde se destacam a desinformação, o insuficiente role play e a atribuição de tarefas de desenvolvimento autônomo, entre outras causas que dilaceram as suas ações quotidianas, para concretização prática dos resultados. Foi alçada à instância de direito da carreira, bem como uma nova estruturação e atuação da comissão organizadora do desporto universitário, com novas perspectivas de desenvolvimento, que estimularam a motivação e mudança de comportamento dos alunos na sociedade desportiva.

Palavras-chave: desporto universitário; motivação; sociedade desportiva; mudança comportamental

Inserción de los estudiantes en la organización y gestión del deporte universitario en Maputo, Mozambique

Resumen: La presente investigación tiene como objetivo su orientación al movimiento del deporte universitario, a partir de la inserción de los propios estudiantes como principales actores del proceso de organización y gestión de éste. A partir del levantamiento de información fue posible determinar el pobre vínculo de los mismos con estas actividades auspiciadas por la universidad; por tanto, los investigadores se dieron a la tarea de evaluar las principales causas que provocan el insuficiente vínculo de los estudiantes con la organización y gestión del deporte universitario, para ello se asumió como objetivo general el análisis causal de los niveles de afluencia de los estudiantes a estos procesos, a partir de una metodología exploratoria y descriptiva de la población de estudiantes de la carrera de Licenciatura de Ciencias del Deporte, quedando finalmente como muestra cifras representativas por los cuatro años de carrera y los miembros de la comisión organizadora de los juegos. En el proceder investigativo se pudo arribar a las principales causas que originan la problemática, donde se destacan la desinformación, insuficiente juego de roles y asignación de tareas de desarrollo independiente, entre otras causas que laceran el actuar cotidiano de los mismos. Para la concreción práctica de los resultados, se elevó a la instancia de dirección de la carrera, una nueva estructuración y juegos de roles de la comisión organizadora del deporte universitario, con nuevas perspectivas de desarrollo, lo cual incentivó la motivación y cambio de comportamiento de los estudiantes en la sociedad deportiva.

Palabras clave: deporte universitario; motivación; sociedad deportiva; cambio de comportamiento

Insertion of students in the organization and management of university sports in Maputo, Mozambique

Abstract: The present research is aimed at university sports, introducing students themselves as the main actors of its organization and management process. As a result of data collection, it was possible to determine the poor connection of the students with these activities sponsored by the university; therefore, the researchers undertook the task of evaluating the main causes that provoke the insufficient connection of the students with the organization and management of university sports, for which the causal analysis of the levels of influx of students to these processes was assumed as a general objective, based on an exploratory and descriptive methodology of the student population of the Bachelor in Sports Sciences, finally remaining as a sample, representative figures for the four years of the major and the members of the organizing committee of the games. The research allowed the identification of the main causes that originate the problem, where disinformation, insufficient role play and assignment of independent development tasks stand out, among other causes that affect their daily actions. In order to implement the results, it was proposed to the directors’ board of the major, a new of organization and role plays for the organizing committee of university sports, with new perspectives of development, which encouraged motivation and behavior change in the students of sports society.

Keywords: university sports; motivation; sports society; behavior change

 

Introdução

O presente estudo visa analisar a inserção dos estudantes na organização e gestão do desporto universitário em Maputo - Moçambique. Mascarenhas afirma que "o desporto é uma atividade humana singular, que é processado à escala Planetária" (2017, p.12). Buendia (2000), citado por Veloso (2010), "explicam que significado atual de desporto tem como sua origem a Inglaterra, a partir do SEC. XVIII, mediante um processo de transformação de jogos e passatempos tradicionais, iniciado pelas elites sociais e nas quais tiveram um papel chave as public school e os clubes ingleses."

O papel do desporto, visa essencialmente a busca da saúde e bem-estar mas igualmente busca promover a paz através do intercâmbio entre os intervenientes por forma a propiciar com que exista um momento de estabilidade social e festivo, como explica Veloso ..."que Coubertin considera o desporto como um meio educativo de primeira ordem para a juventude e como uma forma de intercâmbio e aceitação social, cultural entre distintos povos capaz de promover a amizade e a paz entre eles.”

Á margem de diferenças de raça, sexo, religião, classe social e sistema político e o mesmo encontra-se segmentado de tal forma que consiga responder a diferentes especificações de diferentes públicos atuantes do desporto", como afirmam Pires (1996) citado por Gumende (2005, p.11), que o “desporto está segmentado em vários sectores, cada um deles a dar resposta a populações específicas, de acordo com objetivos próprios e metodologias ajustadas.”

Elias (1992) citado por Barbosa (2014, p.31) explicam que "o desporto universitário nasceu em escolas públicas inglesas no século XIX, onde práticas populares foram sistematizadas para melhor controlo do tempo livre dos adolescentes das classes dominantes e ascendentes." Barbosa (2017) considera o desporto universitário, uma área de conhecimento que tem a sua importância mensurada, entre outros fatores, de acordo com o desenvolvimento do país e o momento que ele vive, podendo ter mais ou menos destaque pelo governo (p.13).

Ainda o mesmo autor na (p.13) explica que é muito importante que as reitorias das universidades conheçam e entendam a importância do desporto universitário para a vida académica como um meio formador de líderes, integrador e incentivador de hábitos mais saudáveis contribuindo para uma melhor qualidade de vida da comunidade universitária.

Kay (1997) citado por Gumende (2018, p.48) explicam que "o Desporto Universitário deve ser entendido como um conjunto de ações voltadas para os estudantes que promovam o contacto social e respeito pelos outros, através da atividade desportiva, criando dessa forma, benefícios para o estudante e para o contexto em que se encontra inserido."

A presente pesquisa reveste-se da necessidade de mostrar a relevância existente da pratica desportiva no nível superior olhando para os diferentes quadrantes que estão desde a sua organização, e que por tabela, são uma componente fundamental para gerar uma imagem desportiva universitária favorável para a instituição que se encarrega de tal tarefa, desde o seu provimento em termos da sua sustentabilidade, da geração de receitas para que tais eventos se realizem, o processo de inscrição das equipas, a gestão dos equipamentos e alojamentos, a procura de parceiros e patrocínios que possam dar o suporte aos eventos, o apetrechamento ou mesmo a manutenção das infra-estruturas entre outros.

É também elucidar sobre a importância da prática do desporto mesmo após a transição de um período de obrigatoriedade das práticas de atividades físicas ao nível do Ensino Secundário, porque permitirá que os estudantes universitários adotem hábitos que não estejam em congruência com o sedentarismo e inatividade e assim garantir uma maior continuidade do seu bem-estar e saúde por longo período.

A componente da organização e gestão dos jogos universitários vem sofrendo um desnível quanto a inserção dos estudantes para a concepção do desporto universitário, o que concorre para uma fraca eficiência e imagem dos jogos. As pesquisas explicam que em 2018 tal défice de realização de atividades deveu-se aos problemas estruturais e orgânicos da Associação Desportiva Universitária da Cidade de Maputo (ADUM) e a Federação do Desporto do Ensino Médio e Superior de Moçambique (FEDEMS) pela sua irregularidade nas nações de promoção e organização de eventos desta magnitude, o que remete-nos a observar desmotivações por parte dos intervenientes gestores na organização, culminando assim com uma fraca aderência dos estudantes.

Com base na problemática diagnosticada quanto ao nível de inserção dos estudantes no âmbito da gestão e organização do desporto no ano académico de 2022, foi necessário adotar novas diretrizes na projeção do desenvolvimento contínuo deste processo, o que está especificado no objetivo que adota, referente o análise causal da afluência dos estudantes da ESCIDE na gestão e organização do desporto universitário durante o ano letivo anterior de referência.

 

Métodos

A pesquisa foi realizada ao nível da ESCIDE, sendo esta, uma instituição pertencente a Universidade Eduardo Mondlane, cujo ponto fulcral é a leccionação do nível superior no âmbito desportivo. A Escola Superior de Ciências do Desporto encontra-se localizada no Campus principal da Universidade Eduardo Mondlane e trabalha na formação de quadros que respondam as necessidades que o desporto Moçambicano enfrenta, nas quais tem orientações que estão voltadas para 3 ramos de graduação ou especialização: O treino desportivo (TD), a Gestão Desportiva (GD) e o Treino Adaptado e Saúde (TAS) a qual estão patentes as ramificações para os graus de licenciatura e atualmente para o grau de mestrado.

O presente estudo visa analisar o desporto universitário e o mesmo tem o carácter exploratório-descritivo, e torna-se não probabilístico por conta da limitação dos sujeitos participantes do mesmo. Privilegia o estudo da revisão bibliográfica, por esta ser de tamanha pertinência, que poderá permitir que contribuições que estejam dentro do tema proposto ou, que conteúdos afins possam dar suporte a presente pesquisa.

No concernente ao desenvolvimento da pesquisa através do método empírico ou prático que consiste nas ferramentas de recolha de dados, a mesma poderá contemplar o inquérito e a entrevista não estruturada, no qual poderão responder ao inquérito os estudantes, os atletas e, para as unidades responsáveis pela organização dos jogos prevê-se o uso dos inquéritos e da entrevista não estruturada para os que encontrarem-se localizados em áreas de fácil da acesso, para permitir uma interacção mais apurada com os mesmos e aos que, por algum motivo mostrarem alguma indisponibilidade de forma presencial, poderão ser inquiridos remotamente.

Para a presente pesquisa, o universo dos estudantes vincula o número total dos estudantes da ESCIDE,  inscritos e ativos no ano académico de 2022, no qual Sambo (2022), na qualidade de responsável do registo académico da (ESCIDE), reitera a existência de um total de 253 estudantes inscritos e ativos. Ainda em torno do presente estudo o trabalho vincula a todos os membros da Comissão organizadora dos jogos universitários ao nível daquela instituição de ensino que totalizam 34 membros. Não menos importante, o estudo vincula igualmente o grupo de atletas, por estes serem os produtores do espetáculo desportivo universitário, no qual Zimba (2022), confirma a existência de um total de 728 atletas subdivididos pelas diversas modalidades.

Resultados

Sistematização sintetizada da história do desporto universitário

Segundo Morais (2010), citado por Jacinto (2012), na década de 40 foi criada a Inspecção do Desporto Universitário (I.D.U), serviço integrado na Direção de Serviços Universitários da Mocidade Portuguesa, com o objetivo de inspecionar, controlar e organizar o desporto em todas as Instituições de Ensino Superior. Em 1945 é criado o cargo de Inspetor do Desporto Universitário e realizam-se os primeiros campeonatos universitários chamados Campeonatos Universitários da Mocidade Portuguesa.

Os anos 50 marcam a altura em que o desporto universitário português começa a ganhar cada vez mais relevância, sendo o Dr. Armando Rocha uma das figuras com mais destaque no seu desenvolvimento. Entre 1951 a 1969, o Dr. Armando Rocha lutou pelos seus ideais nas funções de subinspetor e inspetor do desporto universitário, alertando para problemáticas que prejudicavam a organização desportiva das universidades, tais como, a sobrecarga de aulas (que dificultava a envolvência dos estudantes em atividades extracurriculares), a falta de docentes e monitores especializados em educação física (que pudessem instruir e acompanhar o desporto nas Universidades) e a falta de instalações desportivas.

Já nos meados do ano 2000, foi criada a direcção de Cultura e do Desporto com o objetivo de catapultar o desporto universitário que era visivelmente fraco e que nesta altura com a crescente procura por formação de ensino superior, seria um lugar fértil para que esses intentos fossem de facto realizados, visto que a maioria dos que pretendiam por tais serviços eram da camada juvenil. Mas que só se denotou o movimento de praticas desportivas no ano de 2005 com a criação do Académica - Centro de Desenvolvimento do Desporto e Educação Física, como explica Gumende, que este era uma unidade orgânica na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), que não somente se orientava para a gestão e organização de actividades físicas e desportivas, mas também para acções de formação desportiva e pesquisa (2018, p.58).

Principais resultados após a aplicação dos instrumentos de diagnóstico:

Uma vez desenvolvidos alguns parágrafos introdutórios que enquadram a história do desporto universitário, passamos a sintetizar os resultados obtidos na investigação, nesta vertente são apresentados todos os dados colhidos a partir dos estudantes que fazem parte do processo de gestão e organização dos jogos universitários, os membros da Comissão Organizadora dos Jogos da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), igualmente os atletas, que são os fazedores do espetáculo desportivo universitário.

Ao longo do período proposto para a compilação do trabalho, varias fases foram desencadeadas para que este nível o mesmo alcançasse e, foram vários os desafios propostos, alguns que infelizmente não foram possíveis de o satisfazer, dadas as circunstâncias do orifício.

Uma das grandes limitações do presente trabalho singiu-se fundamentalmente pela dificuldade do alcance de conteúdos em um centro de pesquisa o qual, de forma cordial e formal foi submetida a carta de pretensão da realização de um trabalho de campo, ao nível dos Serviços Sociais da Universidade Pedagógica de Maputo, que infelizmente não foi possível, por conta da falta de vontade na colaboração para que o trabalho angariasse mais conteúdos, que visavam na realização de uma comparação do nível de organização de eventos desportivos universitários entre a ESCIDE - Universidade Eduardo Mondlane (UEM), e a Faculdade de Educação Física e Desporto (F.E.F.D-UP), o que contribuiu significativamente para a adopção de um outro plano.

Um outro dado negativo importante, que foi marcante neste processo, esta assente na pouca publicação de artigos que retratem de forma mais aguçada sobre a vida do estudante quando gestor e organizador deste movimento que afigura-se de extrema importância, dado que o desporto universitário, desde a sua génese, colaborou com o imensurável trabalho destes elementos (discentes), mas que no final contribuiu para adopção de outros mecanismos por forma a gerar um produto final, graças ao auxilio de conteúdos de áreas afins. 

No tocante as idades dos sujeitos membros da Comissão Organizadora do Jogos Universitários Universidade Eduardo Mondlane (COJUEM), inquiridos neste processo, vale ressaltar que as idades encontram-se compreendidas em um intervalo correspondente entre os 20 anos de idade e elementos com acima de 50 anos de idade, ou seja, entre os sujeitos do sexo feminino e masculino, 4 tem idades compreendidas entre os 20 aos 30 anos de idade, com uma percentagem que situa-se em 36,4 %. Os Sujeitos com idades compreendidas entre os 31 aos 40 anos de idade, foram identificados 6 elementos e estes comportam uma percentagem de 54,5 % do total dos inquiridos e somente 1 membro da comissão comporta idade que situa-se acima dos 50 anos de idade, igualmente com uma percentagem de 9,1 %.

Apurados os resultados e, no que tange a pergunta assente na pratica de alguma modalidade ao nível da universidade, foi possível obter uma percentagem de 71,4 % sujeitos praticantes de alguma modalidade desportiva em detrimento de uma percentagem assente em 28,6 % de não praticantes de alguma modalidade desportiva na universidade. Relativamente ao âmbito de pratica de alguma modalidade desportiva universitária, e, tratando-se de uma pergunta de fórum opcional, obtivemos uma percentagem de 21,4 % sujeitos que praticam o desporto universitário no âmbito dos campeonatos da instituição, ou seja, estes são mais ativos e presentes ao nível dos eventos que a ESCIDE superintende.

Foi igualmente possível apurar que do universo de sujeitos inquiridos, 21,4 % dos mesmos pratica no âmbito das cadeiras praticas curriculares e 57,1 % pratica nos dois âmbitos, ou seja, no âmbito dos campeonatos promovidos pela instituição, bem como mo âmbito das cadeiras praticas curriculares. No diagnostico realizado, o que concerne a questão referente a importância das actividades desportivas dada por parte da instituição que responde pelo desporto universitário, os inquiridos defenderam 3 partes, sendo 78,6 % tendo afirmado que de facto a ESCIDE, da importância as praticas ou actividades desportivas, 14,3 % defende o contrário, afirmado que não e dada a importância das actividades desportivas e 7,1 % afirma não ter conhecimento se de facto e dada a importância das actividades desportivas.

No que concerne a unidade que projecta os eventos desportivos ao nível da ESCIDE, 92,9 % afirma ter o conhecimento da existência desta unidade e 7,1 % afirma não ter conhecimento da mesma, e do universo inquirido, foi possível apurar uma serie de respostas que vão de encontro ao nome da unidade que projecta estes eventos ao nível da ESCIDE, sendo que 49,8 % reconhece como tendo o designo de "Centro de Desenvolvimento de Educação Física e Desporto", 35,1 % dos sujeitos inquiridos reconhece a existência de uma unidade com o designo de "Departamento Técnico da Escola Superior de Ciências do Desporto (ESCIDE),  por outro lado uma percentagem de 7,1 % reconhece a unidade com o designo de "Departamento de actividades práticas desportivas" e o restante 7,1 % com o designo de "Núcleo Desportivo".

No concernente a participação dos estudantes ao nível das subcomissões de trabalho da Comissão organizadora, 87,5 % dos sujeitos afirma que a unidade responsável pela concepção dos jogos ao nível da ESCIDE dá importância a este facto, tanto e que, para eles, existem estudantes ao nível das subcomissões de trabalho, e os restantes 12,5 % responderam negativamente a esta questão, onde 7,1 % do seu total afirma não ter conhecimento deste facto, o restante 5,4 % afirma que não e dada a importância ao facto da existência de estudantes ao nível das subcomissões de trabalho.

Na tentativa de realizar o diagnóstico com vista a perceber o grau de satisfação dos estudantes na realização das tarefas ao nível das subcomissões de trabalho, foi possível apurar que, 7,1 % qualifica como "mau" por motivos alheios a sua opinião, 35,7 % qualifica como "médio", igualmente 35,7 % qualifica como "bom", quanto a qualificação "muito bom" apuramos 7,1 % e 14,3 mostra-se "indiferente".

Na tentativa de perceber as causas das qualificações acima descrita, foi elaborada uma questão que visava perceber a motivação que o leva a fazer parte destas subcomissões de trabalho e foi possível apurar que 35,7% participa das subcomissões por conta das obrigações curriculares, 71,4 % dos sujeitos participa por conta do ganho de experiência, 28,6 % encontra-se nas subcomissões meramente pelo gosto pela gestão e organização de eventos de tal égide na prática, 1 % esta mais pela necessidade de se ocupar e 1 % é indiferente.

No que tange a motivação dada pela unidade responsável pela concepção destes eventos para com os estudantes, os sujeitos inquéritos afirmam existir, de facto uma motivação, e para o efeito 100 % dos sujeitos respondeu positivamente.

Na tentativa de perceber o tipo de motivação dada aos estudantes, 50 % dos sujeitos afirma receber uma motivação meramente sentimental, 7,1 % afirma existir a motivação subsidiaria e os restantes 42,9 % recebem ambas motivações, ou seja, a sentimental e subsidiaria.

Discussão

Um dado preocupante, que carece de uma intervenção, é atinente a inserção dos estudantes ao nível dos eventos do calendário académico da UEM, em que é dada a importância (pelos estudantes) de alguns eventos em detrimento dos outros, o que infere-se ser por conta destes factores motivacionais, na medida em que estudantes abaixo da média percentual de 20 % participam em todos os eventos (4) do calendário académico da UEM, cingindo-se mais aos eventos de maior expressão universitário, os Jogos da UEM e a Taça universitária, em detrimento dos eventos desportivos universitários como o torneio interno da ESCIDE e a Liga UEM.

Por conta disso, os estudantes, quanto a classificação do estágio atual do desporto universitário, a maior incidência recaiu para "suficiente e bom" com percentagem similares, o que deve apelar-nos para um maior trabalho com vista na percepção do nível motivacional deste grupo, por forma a intermediar e prover o que for necessário e plausível for forma gerar números que sejam satisfatórios na sua totalidade.

No que tange a análise da inserção dos estudantes nas subcomissões de trabalho, os membros da COJUEM, unanimemente qualificam este dado como sendo de enorme importância para o processo de ensino e aprendizagem, na medida em que quando acopladas a teoria e a pratica permite com que os estudantes sejam dotados de conhecimentos e que a sua aplicabilidade seja valorada e que as suas tarefas caminhem de encontro com o apreendido durante a formação teórica, e não só, permite que os estudantes tenham o senso de criatividade, gerando decisões que visam resolver problemas possíveis com vista a gerar uma imagem institucional e desportiva universitária ao mais alto nível.

Um maior trabalho na divulgação com vista na existência do conhecimento das vantagens da prática desportiva sendo um fator chave para o desenvolvimento no âmbito social, da saúde e bem-estar pois propiciam para a adopção de um estilo de vida saudável e o intercâmbio entre determinados povos oriundos de outros cantos; conforme especificado, independentemente das diferenças de raça, religião, sexo, classe social e sistema político e o mesmo encontra-se segmentado de tal forma que consiga responder a diferentes especificações de diferentes públicos atuantes do desporto", dai o seu relevante papel com vista a moldar a sociedade.

Um outro dado de maior relevância, no que tange a motivação do estudante gestor, encontra-se assente nas limitações de trabalho e aplicação de seus conhecimentos, estando susceptível ao comprimento de ordens, dai a necessidade de dar o seu devido espaço para que este tenha e se sinta parte integrante do evento, quer seja no evento de menor magnitude devendo a posterior ser avaliado e merecer um devido tratamento para a gestão de mudanças, se necessário, como enfatiza Barbosa que "a gestão preconizada pelos estudantes é aquela no qual toda a responsabilidade de se planear e executar o desporto dentro da universidade esta ligado diretamente na responsabilidade de alguns representantes dos dissentes, de diferentes cursos da instituição" (2014, p.13).

Um dado, que vale fazer referência, é o facto dos atletas fazedores do desporto universitário não somente ser protagonizado ao nível do desporto universitário, os mesmos estão vinculados aos clubes desportivos (federado) e alguns a frequentar o desporto recreativo. Trata-se de um dado importante e positivo na medida em que quando usados de forma licita, ou seja, quando estes atletas encontram-se vinculados ao desporto federado e estudantes das unidades em que encontram-se inscritos de facto, concorrer para que o desporto universitário de qualidade seja verificado, pois o desporto federado tem como característica peculiar a maximização de esforço, a qualidade dos atletas, o que faz com que ao nível do desporto universitário haja um elevado grau qualitativo do espetáculo desportivo.

Portanto, o sistema de gestão do desporto universitário deve levar em consideração a inserção dos alunos para seu sucesso futuro como organização de ensino superior, com base nos postulados do seguinte autor: Crozatti (1998) "analisar os modelos de gestão como sendo de tamanha importância no processo de geração de uma cultura organizacional sadia e que concorre para que a eficácia e eficiência perdurem no seio organizacional..."

A eficácia e eficiência que anteriormente foi referenciada, só podem ser alcançadas quando todo um sistema organizacional estiver sadio, e que os modelos de gestão estejam a ser aplicados corretamente, os modelos de gestão estão interligados com o sistema organizacional, que essencialmente faz o mapeamento de atividades e termos de referências dos intervenientes do mesmo, subdividindo-os em níveis hierárquicos consoante o seu grau de capacidades e habilitações, permitindo com que cada elemento possa ter de forma prévia, a obrigatoriedade de atuação no âmbito de exercício de suas funções.

Encontram-se igualmente acometidos com o sistema de gestão, na medida em que estabelece os processos que visam alcançar com o que foi traçado como objetivos. Trata-se do modo operando institucional que envolve as estratégias de acção por forma a alcançar o seu alvo. O sistema social é também um subsistema acoplado aos modelos de gestão, sob maneiras a que o homem, sendo um ser social e que precisa se adaptar a qualquer contexto, os modelos de gestão contemplam essa particularidade e buscam estratégias para que esta sociabilidade seja efetiva no seio organizacional.

Os fatores de desenvolvimento do desporto permitem que o processo de gestão ocorra de forma eficiente pois cada acção específica carece de uma área de actuação que esteja em coordenação com os seus propósitos. "Estruturam-se a partir destes elementos, questões que correspondem diretamente ao direcionamento estratégico das organizações, interligando valores pertinentes ao desporto, de maneira que, faz-se necessário não apenas o entendimento do que a organização representa enquanto promotora do desporto, mas também, o que pretende e de que forma sistematiza suas acções em busca do desenvolvimento do fenómeno desportivo pelo qual é responsável" (Gumende, 2018, p. 40).

Conclusões

Após uma interpretação e discussão dos dados colhidos, bem como das matérias complementares que foi de uma imensurável contribuição foi possível concluir que: A fraca afluência dos estudantes na organização e gestão dos jogos universitários é gerada por deficiências quanto aos meios de divulgação de eventos do calendário académico da ESCIDE e a falta de modelos de gestão que integrem os diferentes processos institucionais, dai a extrema necessidade da criação de um Diário do desporto universitário" bem como a publicação ao nível das diversas plataformas existentes e que proliferam nos dias actuais, da mesma forma corrobora para o descontentamento no que se refere as causas motivacionais, que geram uma retracção, portanto a necessidade de uma avaliação sistemática do estado motivacional, seja através de diagnósticos frequentes com vista a obter um "feedback" e posterior trabalho com vista da mudança para o alcance ao mais alto nível do sucesso desejado.

Referências

Barbosa, C. G. (2014). Liderança na gestão do esporte universitário: proposta da criação de uma rede de dados. Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Rio Claro. [Dissertação Mestrado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias]. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/108687

Barbosa, C. G. (2017). A gestão pública do esporte universitário brasileiro: a bola não deve entrar por acaso. Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Rio Claro. [Tese Doutorado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias]. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/151837

Crozatti, J. (1998). Modelo de gestão e cultura organizacional - conceitos e interações. Caderno de Estudos, 10 (18). https://www.scielo.br/j/cest/a/Y39WBST4Nv345M6JBRH7QMp/

Gumende, P. (2018). Aperfeiçoamento da estrutura organizacional e quadro competitivo para a gestão dos Jogos Universitários entre as Instituições de Ensino Superior da cidade e província de Maputo. [Tesis de maestría, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo].

Jacinto, A. C. (2012). Análise das políticas de inclusão digital da rede pública municipal de ensino de uberlândia no período (1999-2012). [Tese Mestrado, Universidades Federal de Uberlandia].

Mascarenhas, L. (2017). Relação entre a prática desportiva escolar e o desporto federado na Cidade e Província de Maputo. [Tese Mestrado, Universidade Pedagógica Faculdade de Educação Física e Desporto, Maputo]. 

 Veloso, J. (2010). A Educação Física e sua Constituição Histórica - desvelando ocultamentos. [Tese Doutorado, Pontifícia Universidade Católica de Goiás].